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Rubex (cloridrato de doxorrubicina): saiba tudo sobre indicações, efeitos colaterais, cardiotoxicidade e cuidados na administração

A doxorrubicina, disponível comercialmente sob o nome Rubex, é um quimioterápico amplamente utilizado no tratamento de diversas neoplasias malignas. Este artigo abordará as propriedades do cloridrato de doxorrubicina, suas indicações terapêuticas, efeitos colaterais, contra indicações e precauções essenciais.

O que é a doxorrubicina?

A doxorrubicina é um antibiótico citotóxico do grupo das antraciclinas, isolado do Streptomyces peucetius var. caesius. Seu mecanismo de ação está relacionado à ligação ao DNA celular, inibindo a síntese de ácidos nucleicos e levando à morte celular programada. Sua eficácia é notável em vários tipos de câncer, incluindo leucemias, sarcomas e carcinomas.

Rubex é apresentado como um pó liofilizado, disponível em frascos-ampola de 10 mg e 50 mg, que devem ser reconstituídos antes da administração intravenosa.

Indicações

A doxorrubicina é amplamente empregada como terapia de primeira linha em condições neoplásicas como:

  • Leucemias (linfoblástica e mieloblástica agudas);
  • Tumores sólidos (tumor de Wilms, neuroblastoma, sarcomas, carcinoma de mama, ovário e endométrio);
  • Linfomas de Hodgkin e não Hodgkin;
  • Carcinoma gástrico e broncogênico de pequenas células.

Como terapia de segunda linha, destaca-se no tratamento de câncer testicular refratário e carcinomas de cabeça e pescoço. Contudo, estudos demonstram baixa resposta em melanomas malignos, carcinomas renais e intestinais, e metástases no sistema nervoso central.

Mecanismos de ação

O cloridrato de doxorrubicina atua primariamente por intercalação no DNA, o que impede a transcrição e replicação celular. Além disso, sua interação com a topoisomerase II induz rupturas no DNA, levando à apoptose. Essas propriedades a tornam uma opção potente contra células de rápida divisão, característica de neoplasias.

Efeitos colaterais

O uso da doxorrubicina pode desencadear diversas reações adversas, muitas delas severas. Entre as principais estão:

Cardiotoxicidade

A cardiotoxicidade, dose-dependente, é um dos efeitos mais preocupantes, podendo resultar em insuficiência cardíaca irreversível. Pacientes devem ser monitorados regularmente por meio de ECGs e ecocardiogramas.

Mielossupressão

A supressão da medula óssea, manifestada como leucopenia, anemia ou trombocitopenia, é comum. Recomenda-se monitorização hematológica cuidadosa e ajustes na dosagem, se necessário.

Reações cutâneas

Alopecia reversível, hiperpigmentação das unhas e inflamações cutâneas são frequentemente relatadas.

Gastrointestinais

Náuseas, vômitos e mucosite são frequentes, podendo comprometer a qualidade de vida do paciente. A mucosite severa pode levar a infecções graves.

Contraindicações

O uso de Rubex é contraindicado em pacientes com:

  • Mielossupressão acentuada;
  • Insuficiência cardíaca preexistente;
  • Histórico de doses cumulativas máximas de doxorrubicina ou análogos.

Além disso, seu uso na gravidez deve ser cauteloso devido ao potencial embriotóxico e teratogênico.

Precauções e administração

O tratamento com Rubex deve ser conduzido exclusivamente por médicos experientes em quimioterapia. É essencial monitorar a função cardíaca e hepática do paciente, já que a doxorrubicina pode potencializar toxicidades associadas.

Na administração intravenosa, recomenda-se evitar pequenas veias e garantir a lenta infusão para minimizar reações adversas. O extravasamento, caso ocorra, pode levar a necrose tecidual grave.

Uso responsável e manipulação

Por ser um agente citotóxico, a doxorrubicina exige cuidados rigorosos na manipulação. Deve-se evitar contato com pele ou mucosas, utilizando luvas e aventais apropriados. Resíduos devem ser descartados conforme protocolos de segurança para agentes quimioterápicos.

A doxorrubicina é uma ferramenta valiosa no arsenal contra o câncer, mas seu uso exige cautela devido à sua ampla gama de efeitos colaterais. O monitoramento cuidadoso e a individualização da terapia são essenciais para otimizar os resultados clínicos e minimizar riscos.

Referências:

  • Chabner, B. A., & Longo, D. L. Cancer Chemotherapy and Biotherapy: Principles and Practice. Lippincott Williams & Wilkins, 2010.
  • American Cancer Society. Guidelines for the Safe Handling of Cytotoxic Agents.
  • National Institutes of Health. Recommendations for Antineoplastic Drugs.

 

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