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Doxiciclina: Indicações, Efeitos Colaterais e Precauções no Tratamento

A doxiciclina, um antibiótico da classe das tetraciclinas, tem se mostrado eficaz no tratamento de diversas infecções bacterianas e na prevenção de doenças como a célula (sífilis), além de ser amplamente utilizada no tratamento de uma variedade de infecções causadas por germes sensíveis. Apesar de sua eficácia, como todos os antibióticos, o uso de doxiciclina exige precauções rigorosas, já que pode causar diversos efeitos colaterais e interagir com outros medicamentos, afetando a saúde de alguns pacientes. Este artigo tem como objetivo proporcionar uma visão detalhada sobre as indicações, efeitos colaterais, precauções e interações medicamentosas relacionadas ao uso de doxiciclina, além de fornecer informações cruciais sobre sua dosagem e modo de uso adequado.

O Que é a Doxiciclina?

A doxiciclina é um antibiótico da classe das tetraciclinas, utilizado para tratar uma ampla gama de infecções bacterianas. Como um antibiótico de amplo espectro, ela age inibindo a síntese de proteínas nas células bacterianas, o que impede sua multiplicação e ajuda a controlar a infecção. Essa ação é eficaz contra uma grande variedade de bactérias, incluindo aquelas responsáveis por infecções respiratórias, urinárias, de pele e doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis.

A apresentação usual da doxiciclina no mercado é em forma de drágeas de 100 mg, sendo comercializada em embalagens de 15 drágeas. A sua forma de administração é oral, e a dosagem varia de acordo com a gravidade da infecção e as características individuais do paciente.

Indicações da Doxiciclina

A doxiciclina é indicada principalmente para o tratamento de infecções causadas por germes sensíveis a este antibiótico. Dentre as principais indicações, destacam-se:

  1. Infecções respiratórias: Como bronquite, pneumonia e infecções nas vias aéreas superiores causadas por bactérias sensíveis.
  2. Infecções urinárias: Tratamento de infecções no trato urinário, como cistite e pielonefrite.
  3. Doenças sexualmente transmissíveis: A doxiciclina é amplamente utilizada no tratamento de sífilis e outras doenças venéreas.
  4. Malária: Como parte do tratamento e prevenção de malária, principalmente em áreas endêmicas.
  5. Tratamento de acne: É utilizada para controle de acne moderada a severa, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas.

Além disso, a doxiciclina é eficaz na profilaxia de doenças como a célula (sífilis) em pacientes em risco de infecção.

Efeitos Colaterais

Apesar de sua eficácia, a doxiciclina pode causar uma série de efeitos colaterais, alguns dos quais podem ser graves e exigir a interrupção do tratamento. Os efeitos adversos mais comuns incluem:

Efeitos Gastrointestinais:

  • Anorexia, náuseas e vômitos são os efeitos mais frequentes, especialmente em tratamentos mais prolongados.
  • Diarreia, que pode ser sintoma de infecção gastrointestinal associada ao uso de antibióticos.
  • Glossite e disfagia (dificuldade para engolir), que podem ocorrer devido à irritação do trato gastrointestinal.
  • Enterocolite e lesões inflamatórias na região genital, associadas a infecções fúngicas como a candidíase.

Efeitos Dermatológicos:

  • Lesões eritematosas (vermelhidão) e maculopapulosas (manchas na pele).
  • Dermatite esfoliativa e reações de fotossensibilidade, onde a pele fica mais suscetível a queimaduras solares.

Toxicidade Renal:

  • A doxiciclina pode causar elevação dos níveis de nitrogênio ureico, indicando possível toxicidade renal, especialmente em pacientes com função renal comprometida.

Reações de Hipersensibilidade:

  • Reações alérgicas graves podem ocorrer, incluindo urticária, edema angioneurótico e até anafilaxia.
  • Púrpura anafilactóide, pericardite, e exacerbação do lúpus eritematoso sistêmico também foram relatados em casos raros.

Efeitos Hematológicos:

  • Alterações na contagem sanguínea, como anemia hemolítica, trombocitopenia, neutropenia e eosinofilia.

Esses efeitos colaterais exigem que o paciente seja monitorado de perto durante o tratamento, especialmente se estiver utilizando a doxiciclina por períodos prolongados.

Precauções no Uso de Doxiciclina

A doxiciclina deve ser utilizada com precaução, especialmente em pacientes com histórico de problemas renais, hepáticos ou hematológicos. Algumas precauções importantes incluem:

  1. Desenvolvimento de Resistência: Como acontece com qualquer antibiótico, o uso inadequado ou prolongado de doxiciclinapode levar ao desenvolvimento de microorganismos resistentes, o que pode comprometer a eficácia do tratamento. Caso haja suspeita de resistência, o antibiótico deve ser descontinuado e um tratamento alternativo deve ser iniciado.
  2. Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs): Se houver suspeita de sífilis, é importante realizar exames laboratoriais antes do início do tratamento e durante o tratamento, já que a doxiciclina pode não ser eficaz em todos os casos de infecção.
  3. Tetraciclinas e Saúde Dental: A doxiciclina, como outras tetraciclinas, pode se depositar nos dentes em formação, causando descoloração e hipoplasia do esmalte dental, motivo pelo qual não deve ser administrada a crianças menores de 8 anos, lactentesou gestantes, uma vez que também pode interferir no crescimento ósseo.
  4. Reações de Fotossensibilidade: Durante o tratamento com doxiciclina, recomenda-se evitar exposição excessiva ao sol ou a luz artificial intensa, já que o medicamento pode aumentar a sensibilidade da pele à luz ultravioleta, resultando em queimaduras solares mais intensas.

Interações Medicamentosas

A doxiciclina pode interagir com diversos medicamentos, o que pode comprometer sua eficácia ou aumentar o risco de efeitos adversos. Algumas das interações mais significativas incluem:

  1. Anticoncepcionais Orais: A eficácia dos anticoncepcionais orais pode ser diminuída quando usados em conjunto com doxiciclina, aumentando o risco de falha contraceptiva.
  2. Anticoagulantes: A heparina pode ter seu efeito anticoagulante reduzido quando administrada com doxiciclina.
  3. Metoxiflurano: O uso concomitante pode aumentar o risco de toxicidade renal.
  4. Antibióticos Beta-lactâmicos: As penicilinas têm sua ação bactericida diminuída quando administradas com doxiciclina.
  5. Medicamentos que afetam a meia-vida: O uso de barbitúricos, álcool, carbamazepina e fenitoína pode reduzir a meia-vida da doxiciclina, comprometendo sua eficácia.

Além disso, antiácidos que contenham alumínio, cálcio ou magnésio, bem como ferro e sais de bismuto, podem prejudicar a absorção da doxiciclina.

Modo de Uso e Dosagem

A dosagem de doxiciclina varia conforme a gravidade da infecção e a resposta do paciente ao tratamento. Para adultos e crianças acima de 8 anos, as doses recomendadas são:

  • Primeiro dia: 200 mg divididos em duas doses de 12 em 12 horas.
  • Dias subsequentes: 100 mg ao dia, em dose única ou fracionada.
  • Em casos mais graves, a dose pode ser aumentada para 100 mg a cada 12 horas.

Em crianças com menos de 45 kg, a dose deve ser ajustada para 4,4 mg/kg no primeiro dia e 2,2 mg/kg nos dias seguintes.

É importante continuar o tratamento por pelo menos 24 horas após o desaparecimento dos sintomas, e em infecções estreptocócicas, o tratamento deve ser mantido por 10 dias para evitar complicações como febre reumática e glomerulonefrite.

Superdosagem

Em casos de superdosagem, o tratamento com doxiciclina deve ser interrompido, e o paciente deve receber tratamento sintomático e medidas de suporte.

 

A doxiciclina é um antibiótico potente e eficaz no tratamento de uma série de infecções bacterianas. No entanto, seu uso deve ser cuidadosamente monitorado, principalmente devido aos possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas. Pacientes com histórico de problemas renais, hepáticos ou hematológicos devem ser observados de perto, assim como as mulheres que utilizam anticoncepcionais. Ao seguir as orientações médicas e tomar as devidas precauções, é possível usufruir dos benefícios terapêuticos da doxiciclina com segurança.

Referências Bibliográficas

  1. Brunton, L. L. Chabner, B. A., & Knollmann, B. C. *Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da


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