O Cilergil, medicamento amplamente utilizado no tratamento de condições alérgicas, apresenta o astemizol como seu princípio ativo. Pertencente à classe dos anti-histamínicos de segunda geração, o astemizol destaca-se por sua eficácia no controle de alergias, sem os efeitos sedativos comumente associados a medicamentos dessa categoria. Este artigo explora os aspectos farmacológicos do Cilergil, seus benefícios terapêuticos, potenciais efeitos adversos e precauções necessárias, trazendo à tona a relevância científica e clínica deste fármaco.
Indicações Terapêuticas
O Cilergil é indicado para o manejo de alergias frequentemente tratáveis com anti-histamínicos. Entre as condições contempladas estão:
- Urticária: Ação eficaz no alívio do prurido e das lesões cutâneas.
- Rinite alérgica: Redução dos sintomas como espirros, coriza e congestão nasal.
- Conjuntivite alérgica: Controle da irritação e do lacrimejamento excessivo.
A administração diária, em doses ajustadas para adultos e crianças, assegura uma resposta clínica consistente, enquanto a sua forma de suspensão oferece versatilidade no tratamento pediátrico.
Farmacologia e Modo de Ação
O astemizol atua como um antagonista seletivo dos receptores H1 da histamina, inibindo sua ação no organismo. Essa propriedade o torna eficaz no bloqueio de reações alérgicas, com um perfil farmacocinético que permite administração única diária, graças à meia-vida prolongada do composto.
Apesar de metabolizado predominantemente no fígado, sua formulação minimiza a interação com o sistema nervoso central, o que o diferencia de anti-histamínicos de primeira geração, conhecidos por seus efeitos sedativos.
Efeitos Adversos e Precauções
Embora seja bem tolerado na maioria dos casos, o Cilergil pode apresentar efeitos colaterais que exigem atenção. Esses incluem:
- Reações de hipersensibilidade: Como angioedema, fotossensibilidade e reações anafilactoides.
- Distúrbios cardiovasculares: Em casos de superdosagem, há relatos de prolongamento do intervalo QT e arritmias ventriculares, como torções de pointes.
- Outros efeitos raros: Hepatite, elevação de transaminases e distúrbios do humor.
Dado o risco de arritmias graves, pacientes com prolongamento congênito do intervalo QT, hipocalemia ou em uso de medicamentos que interfiram no metabolismo hepático (como cetoconazol e eritromicina) devem evitar o uso do fármaco.
Em situações de superdosagem, recomenda-se medidas imediatas, como lavagem gástrica, acompanhamento clínico e monitoramento eletrocardiográfico contínuo.
O Cilergil apresenta interações farmacológicas que merecem destaque:
- Com cetoconazol: O uso concomitante pode elevar os níveis plasmáticos de astemizol, aumentando o risco de toxicidade cardiovascular.
- Outros antimicóticos e macrolídeos: Estudos em andamento sugerem potencial interação negativa, justificando precauções adicionais.
Uso Durante Gravidez e Lactação
A segurança do Cilergil em gestantes e lactantes ainda não é plenamente estabelecida. Assim, o uso deve ser avaliado caso a caso, considerando o risco-benefício e sempre sob supervisão médica.
Contraindicações e Advertências
O Cilergil é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida ao astemizol ou a qualquer excipiente da formulação. Sua administração em crianças menores de 6 anos, na forma de comprimidos, é desaconselhada devido à dificuldade em ajustar a dose com precisão.
O Cilergil, com seu princípio ativo astemizol, representa um avanço no tratamento de alergias, unindo eficácia e conveniência. Contudo, sua utilização exige rigor no cumprimento das dosagens recomendadas e atenção às contraindicações e interações medicamentosas. Ao seguir essas diretrizes, pacientes e profissionais de saúde podem maximizar os benefícios terapêuticos do medicamento, minimizando os riscos associados.
Referências Bibliográficas
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