O medicamento Atarax (hidroxizina) é um fármaco versátil e amplamente utilizado no tratamento sintomático de várias condições, incluindo ansiedade, prurido e como pré-medicação em cirurgias. Pertencente à classe dos ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, o Atarax também se destaca por seu efeito anti-histamínico H1. A ação sedativa do Atarax faz dele uma opção eficaz para controlar sintomas de ansiedade e condições que requerem um efeito calmante, além de seu papel significativo na modulação de sintomas alérgicos.
Apresentação e Posologia
O Atarax é comercializado em comprimidos revestidos de 25 mg e em xarope de 2 mg/ml. A dose e a forma de administração variam de acordo com a condição a ser tratada e a faixa etária. Para adultos, as dosagens recomendadas são as seguintes:
- Ansiedade: 50 mg/dia em doses divididas, podendo ser ajustada para até 300 mg/dia nos casos mais graves.
- Prurido: Inicia-se com 25 mg ao deitar, com doses de manutenção de 25 mg três a quatro vezes ao dia, conforme necessário.
- Pré-medicação em cirurgia: Entre 50 e 200 mg/dia, em uma ou duas administrações, incluindo uma dose cerca de uma hora antes da cirurgia.
Para crianças, as doses variam conforme a idade e o peso corporal, sendo sempre menor que a dos adultos. Essa administração adaptada garante a eficácia e minimiza os riscos de efeitos adversos, respeitando as limitações fisiológicas dos pacientes pediátricos.
Indicações Terapêuticas
O Atarax é indicado para o alívio temporário de sintomas específicos:
- Ansiedade: usado como ansiolítico, o Atarax reduz sintomas de ansiedade em adultos e pode ser utilizado como um sedativo em contextos clínicos.
- Prurido: devido às suas propriedades anti-histamínicas, ele é eficaz contra prurido associado a condições alérgicas.
- Pré-medicação em cirurgia: reduz a ansiedade e prepara o paciente para o procedimento, especialmente em casos onde o efeito sedativo é desejado.
Essas indicações, no entanto, devem ser vistas com cautela, especialmente em populações específicas, como crianças e idosos, onde o risco de efeitos adversos pode ser maior.
O uso de Atarax é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade a qualquer de seus componentes, incluindo a cetirizina, outros derivados da piperazina, aminofilina e etilenodiamina. Além disso, pacientes com porfiria, grávidas, lactantes e aqueles com intolerâncias específicas a açúcares como frutose e lactose devem evitar o medicamento devido à presença desses componentes nos comprimidos e no xarope.
É relevante que, em pacientes com condições como glaucoma, obstrução urinária, miastenia grave ou doenças cardíacas, o Atarax seja administrado com extremo cuidado, considerando os possíveis efeitos adversos em cada um desses contextos.
Efeitos Adversos
Os efeitos colaterais do Atarax são amplamente relacionados à sua ação sobre o sistema nervoso central e suas propriedades anticolinérgicas. Os sintomas incluem:
- Cardiovasculares: taquicardia.
- Visão: perturbações de acomodação e visão turva.
- Gastrointestinais: secura de boca, náuseas, vômitos e constipação.
- SNC: sonolência, cefaleia, sedação, tremores e insônia.
- Psiquiátricos: agitação, confusão, alucinações e irritabilidade.
- Reações alérgicas: urticária, dermatite e choque anafilático.
A frequência e a intensidade dos efeitos colaterais podem variar conforme o paciente e a dosagem, mas é fundamental que os médicos acompanhem atentamente qualquer alteração adversa durante o uso do Atarax.
Interações Medicamentosas e Cuidados com o Uso de Álcool
O Atarax apresenta potencial para interações com medicamentos que causam depressão do sistema nervoso central (SNC), anticolinérgicos, inibidores da monoamina oxidase (IMAO) e adrenalina. Isso significa que, ao utilizar o Atarax em conjunto com essas substâncias, as doses devem ser ajustadas para evitar efeitos cumulativos perigosos.
Especialmente em pacientes que utilizam bebidas alcoólicas, o Atarax pode potencializar os efeitos sedativos, aumentando o risco de efeitos adversos do SNC, como depressão respiratória e perda de reflexos. O uso concomitante de álcool é, portanto, desaconselhado, assim como de outras substâncias depressoras do SNC.
Precauções em Crianças, Idosos e Pacientes com Patologias Específicas
Para crianças, especialmente as de pequena idade, o Atarax pode causar efeitos adversos mais intensos no SNC, incluindo convulsões e vertigens. Assim, a prescrição para pacientes pediátricos deve ser feita com parcimônia e acompanhamento próximo.
Nos idosos, a resposta ao Atarax tende a ser mais prolongada devido ao metabolismo mais lento, o que requer uma redução da dose inicial. Além disso, a presença de comorbidades comuns na terceira idade, como insuficiência hepática ou renal, eleva o risco de toxicidade e intensificação dos efeitos colaterais.
Pacientes com insuficiência hepática ou renal também exigem ajustes de dosagem, uma vez que o metabolismo e a excreção do Atarax são comprometidos nessas condições.
Considerações para a Suspensão do Uso e Tratamento de Sobredosagem
Se houver necessidade de interrupção do uso, não é necessário um período de desmame, embora seja aconselhável uma redução gradual para monitorar a reação do paciente à retirada do medicamento.
Em casos de superdosagem, os sintomas podem incluir desde náuseas e sonolência até estados graves como depressão respiratória e coma. O tratamento envolve suporte de vida com monitoração das vias aéreas, respiração e pressão arterial. O uso de eméticos como o xarope de ipeca é contraindicado, pois o risco de aspiração é alto.
O Atarax, quando administrado adequadamente, é uma ferramenta eficaz e valiosa no manejo de ansiedade, prurido e como pré-medicação para cirurgia. Contudo, seu uso deve ser cuidadosamente monitorado devido ao potencial de interações medicamentosas e efeitos adversos, especialmente em populações vulneráveis como crianças, idosos e pacientes com condições crônicas.
Referências Bibliográficas:
- Brunton, L., et al. (2018). Goodman & Gilman’s: The Pharmacological Basis of Therapeutics. McGraw-Hill.
- Katzung, B. G. (2018). Basic & Clinical Pharmacology. McGraw-Hill.
- Rossi, S. (2017). Australian Medicines Handbook. Australian Medicines Handbook Pty Ltd.