O sulfato de amicacina é um antibacteriano amplamente utilizado no tratamento de infecções graves causadas por bactérias sensíveis, especialmente aquelas do tipo gram-negativo. Este medicamento, pertencente à classe dos aminoglicosídeos, é reconhecido por sua eficácia, mas também exige cautela devido ao potencial de toxicidade renal, auditiva e neuromuscular. Neste artigo, exploraremos suas indicações, formas de administração, efeitos colaterais, contra indicações e outros aspectos relevantes.
Indicações e Benefícios Terapêuticos
O sulfato de amicacina é indicado para infecções graves de curta duração em pacientes com condições como:
- Sepsis e bacteremia: Presença de microrganismos no sangue, incluindo em recém-nascidos.
- Infecções respiratórias: Condições graves que afetam o trato respiratório.
- Infecções ósseas, articulares e de tecidos moles: Incluindo aquelas decorrentes de queimaduras e cirurgias.
- Infecções intra-abdominais: Como peritonite.
- Trato urinário: Para casos complicados e recorrentes.
- Infecções estafilocócicas: Em especial quando outros antibióticos não são indicados.
Essa ampla gama de indicações reflete a potência da amicacina como agente bactericida.
Formas de Apresentação
O sulfato de amicacina está disponível em ampolas de:
- 100 mg/2 ml,
- 250 mg/2 ml,
- 500 mg/2 ml,
oferecendo flexibilidade no ajuste da dose conforme a gravidade da infecção e o perfil do paciente.
Farmacocinética e Modo de Ação
Após administração intramuscular, a amicacina é rapidamente absorvida, atingindo picos plasmáticos em aproximadamente uma hora. Quando administrada por infusão intravenosa, os níveis máximos dependem da concentração utilizada e do tempo de infusão, geralmente entre 30 minutos e uma hora. Sua ação bactericida resulta da inibição da síntese proteica bacteriana, interrompendo o ciclo de reprodução do microrganismo.
Posologia e Administração
O medicamento deve ser administrado por profissionais de saúde qualificados, podendo ser:
- Intramuscular: Indicada para infecções de moderada gravidade.
- Intravenosa: Requer infusão lenta (30 a 60 minutos).
As doses são ajustadas conforme idade, peso e função renal:
- Adultos e crianças: 15 mg/kg/dia, divididos em 2 ou 3 doses.
- Recém-nascidos: Dose inicial de 10 mg/kg, seguida por 7,5 mg/kg a cada 12 horas.
- Pacientes com disfunção renal: Necessitam de ajustes rigorosos na dosagem.
Efeitos Colaterais e Riscos
Embora eficaz, o sulfato de amicacina pode causar efeitos adversos, especialmente em tratamentos prolongados ou doses elevadas:
Toxicidade auditiva:
- Perda auditiva para sons agudos, inicialmente detectada por exames audiométricos.
- Alterações renais geralmente reversíveis, mas mais frequentes em pacientes com disfunção renal prévia.
Bloqueio neuromuscular:
- Risco de paralisia respiratória, especialmente em pacientes que utilizam anestésicos ou sangue citratado.
Outros efeitos incluem náuseas, tremores, alterações sanguíneas, dores articulares e, raramente, reações alérgicas severas devido ao metabissulfito de sódio presente na fórmula.
O uso é contraindicado em pacientes:
- Com hipersensibilidade à amicacina ou outros aminoglicosídeos.
- Com histórico de reações tóxicas graves a essa classe de antibióticos.
O uso concomitante com medicamentos nefrotóxicos ou ototóxicos, como cisplatina e vancomicina, deve ser evitado. Diuréticos potentes, como a furosemida, também podem aumentar o risco de toxicidade.
Advertências e Precauções
- Monitoramento frequente: Durante o tratamento, é essencial realizar exames auditivos e renais para detectar sinais precoces de toxicidade.
- Pacientes idosos e desidratados: São mais suscetíveis a efeitos adversos.
- Uso prolongado: Tratamentos acima de 14 dias devem ser cuidadosamente avaliados.
Considerações Finais
O sulfato de amicacina é um antibiótico valioso no combate a infecções graves, mas seu uso requer um equilíbrio delicado entre eficácia e segurança. É indispensável o acompanhamento médico rigoroso para prevenir complicações e garantir o sucesso terapêutico.
Referências Bibliográficas
- Katzung, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 14ª edição. McGraw-Hill.
- Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 13ª edição.
- Rang, H. P., et al. Farmacologia. 8ª edição. Elsevier.