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Benzetacil: Uso, Eficácia e Precauções do Antibiótico Sistêmico

Benzetacil, um potente antibiótico sistêmico, eficaz contra diversas infecções bacterianas. Saiba suas indicações, contra indicações e precauções.

A penicilina G benzatina, mais conhecida comercialmente como Benzetacil, é um antibiótico que se destaca pela sua ação de combate a diversas infecções bacterianas. Pertencente à classe terapêutica dos antibióticos sistêmicos, sua ação se deve à capacidade de destruir microrganismos sensíveis durante o estágio de multiplicação ativa. Por ser um medicamento de uso intramuscular profundo, seu manuseio exige precauções específicas, sobretudo devido à possibilidade de reações alérgicas severas, como o choque anafilático. Este artigo explora a relevância desse antibiótico, as indicações e as contraindicações de seu uso, além de fornecer informações detalhadas sobre suas interações e efeitos colaterais.

Características e Apresentações

O Benzetacil está disponível em diferentes apresentações, variando de acordo com a concentração da substância ativa. As dosagens mais comuns são:

  • 600.000 U (150.000 U/ml) em frascos-ampola de 4 ml.
  • 1.200.000 U (300.000 U/ml) também em frascos-ampola de 4 ml.

Essas dosagens devem ser administradas exclusivamente por via intramuscular profunda, garantindo a completa homogeneização do produto através de agitação vigorosa antes do uso. A injeção deve ser feita lentamente e em locais adequados, como a nádega ou, em crianças pequenas, na face lateral da coxa, evitando-se áreas próximas a vasos sanguíneos e nervos.

Indicações e Eficácia

O Benzetacil é amplamente utilizado no tratamento de infecções causadas por germes sensíveis à penicilina G. Entre as principais indicações estão:

  • Infecções estreptocócicas: Infecções leves e moderadas do trato respiratório superior e da pele.
  • Infecções venéreas: Sífilis, gonorreia, bouba, bejel (sífilis endêmica) e pinta.
  • Profilaxia: É eficaz na prevenção da glomerulonefrite aguda, febre reumática e coréia, bem como em sua recorrência.

A ação bactericida da penicilina G benzatina se dá pela inibição da síntese da parede celular bacteriana, levando à morte do microrganismo. Tal efeito é particularmente eficaz em bactérias em estágio de multiplicação ativa, tornando-a uma escolha terapêutica sólida contra infecções estreptocócicas e doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis.

Advertências e Contraindicações

Apesar de sua eficácia, o Benzetacil deve ser utilizado com cautela. Pacientes com histórico de alergias graves, asma ou hipersensibilidade a múltiplos alérgenos apresentam maior risco de desenvolver reações adversas severas, como o choque anafilático. O teste de alergia é, portanto, essencial antes de iniciar o tratamento com penicilina.

As contraindicações incluem alergia conhecida às penicilinas, e em casos de reação alérgica durante o tratamento, o uso do medicamento deve ser imediatamente interrompido, com o paciente recebendo tratamento adequado. É importante destacar que a penicilina pode reduzir a eficácia dos contraceptivos orais, sendo crucial informar ao médico sobre qualquer medicamento em uso.

Uso Durante Gravidez e Lactação

Durante a gravidez, o uso de Benzetacil deve ser criteriosamente avaliado pelo médico. Embora a penicilina G benzatina seja excretada no leite materno, os efeitos sobre o lactente ainda não são bem estabelecidos. Portanto, seu uso em lactantes só deve ocorrer mediante prescrição médica cuidadosa.

Administração em Pacientes Pediátricos e com Comprometimento Renal

A penicilina G benzatina pode ser administrada com segurança em crianças, inclusive recém-nascidos, desde que com o ajuste adequado de dose. No entanto, a eliminação do fármaco nesses pacientes pode ser mais lenta, exigindo atenção especial em casos de insuficiência renal. Nesses indivíduos, o ajuste de dose também é necessário, baseando-se no clearance de creatinina.

Efeitos Colaterais

As reações adversas à penicilina variam desde leves a graves. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão:

É importante monitorar o paciente para possíveis sinais de alergia, especialmente durante os primeiros dias de tratamento.

Interações Medicamentosas e Alimentares

O Benzetacil apresenta algumas interações medicamentosas relevantes, sendo a mais notável com o probenecida. Essa substância diminui a taxa de eliminação das penicilinas, prolongando seus níveis no sangue, o que pode ser benéfico ou prejudicial, dependendo do quadro clínico. Além disso, as penicilinas podem interferir com certos testes laboratoriais, como a medida de glicosúria, levando a resultados falsos.

Posologia e Administração

A dosagem de Benzetacil varia conforme a infecção a ser tratada. Para infecções estreptocócicas do trato respiratório superior e da pele, recomenda-se:

  • Crianças até 27 kg: Injeção única de 300.000 a 600.000 unidades.
  • Crianças maiores: Injeção única de 900.000 unidades.
  • Adultos: Injeção única de 1.200.000 unidades.

No caso da sífilis primária e secundária, a dose recomendada é de 2.400.000 unidades, enquanto a sífilis terciária pode requerer até três doses de 2.400.000 unidades com intervalos semanais.

Para a profilaxia de febre reumática, utiliza-se Benzetacil a cada quatro semanas, na dose de 1.200.000 unidades. Em casos de recorrência ou lesões valvares graves, o médico pode optar por injeções a cada três semanas.

O Benzetacil é um antibiótico de alta eficácia contra uma ampla gama de infecções bacterianas. No entanto, seu uso requer cuidado, especialmente em pacientes com histórico de alergias ou em situações de insuficiência renal. Ao utilizar o medicamento, é essencial seguir rigorosamente as orientações médicas, garantindo que o tratamento seja seguro e eficaz. A dosagem adequada e a correta administração intramuscular são fundamentais para evitar complicações, como lesões neurovasculares ou reações adversas graves.

Como todo antibiótico, o Benzetacil deve ser administrado com responsabilidade, visando não apenas a cura da infecção, mas também a prevenção de possíveis efeitos colaterais graves.

Referências Bibliográficas

  • Eickhoff, T. C. (1977). “The epidemiology of penicillin allergy.” JAMA.
  • Scheinfeld, N. (2004). “Penicillin and cephalosporin allergy.” Dermatology Online Journal.
  • Vonkeman, H. E., & van de Laar, M. A. F. J. (2010). “Nonsteroidal anti-inflammatory drugs: Adverse effects and their prevention.” Seminars in Arthritis and Rheumatism.