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A complexidade da cetamina: usos médicos e riscos do uso recreativo

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A cetamina é uma substância intrigante, com usos diversos que vão desde a anestesia e analgesia até o tratamento da depressão. No entanto, seu uso recreativo, que é ilegal, pode trazer consequências graves. Recentemente, a cetamina esteve no centro de um caso trágico envolvendo a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Garantido. A polícia prendeu três pessoas relacionadas ao tráfico de drogas após encontrar um frasco com a substância na casa onde Djidja foi encontrada morta. Este caso destaca a necessidade de compreensão mais profunda sobre a cetamina, seus usos legítimos e os perigos associados ao seu uso indevido.

O que é cetamina?

A cetamina, também conhecida como quetamina ou ketamina, é um anestésico utilizado tanto em humanos quanto em animais. É classificada como um anestésico dissociativo, o que significa que provoca efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e sedação quando usada de forma recreativa. A cetamina foi desenvolvida na década de 1960 e rapidamente ganhou popularidade como anestésico devido à sua eficácia e ao seu perfil de segurança em contextos controlados.

História e usos médicos

Nos anos 1970, a cetamina começou a ser usada de maneira recreativa nos Estados Unidos, e na década de 1990, seu uso se disseminou no Reino Unido, especialmente em clubes noturnos e festas conhecidas como raves. No Brasil, a substância é conhecida no mercado ilegal como “special k”, “Key”, “Keyla” ou “Keta”.

Apesar de seu uso recreativo, a cetamina tem importantes aplicações médicas. Além de ser usada como anestésico e analgésico, também tem sido utilizada no tratamento de quadros de saúde mental. Rodrigo Leite, médico psiquiatra e professor colaborador do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que a cetamina é eficaz no tratamento de doenças como a depressão. “Ao longo do tempo, verificou-se que a cetamina tem potencial para promover melhoria do humor e aumento da disposição. Com isso, foram iniciados estudos para o uso desse fármaco no tratamento de quadros depressivos”, detalha Leite.

Em 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o cloridrato de escetamina, um antidepressivo na forma de spray inalável, indicado para adultos com depressão resistente a tratamentos convencionais e para pessoas com transtorno depressivo maior (TDM) que tenham pensamentos ou atos suicidas. Este desenvolvimento marcou um avanço significativo no tratamento da depressão, oferecendo uma nova opção para pacientes que não respondem bem aos tratamentos tradicionais.

Perigos do uso descontrolado

Embora a cetamina tenha benefícios comprovados no tratamento de diversas condições médicas, seu uso deve ser rigorosamente controlado. O risco de dependência é uma preocupação significativa. Rodrigo Leite alerta que “apesar do uso como droga terapêutica, é preciso lembrar do risco considerável de abuso e dependência quando não há controle. A cetamina deve ser administrada somente em ambiente hospitalar, de forma supervisionada e com orientação médica”.

Recentemente, a morte do ator Matthew Perry, conhecido por seu papel em “Friends”, trouxe à tona os perigos do uso descontrolado de cetamina. Perry estava em terapia de infusão de cetamina para tratamento de transtornos, mas no momento da sua morte, a suspeita é que ele tenha administrado a substância por conta própria, sem supervisão médica. Este caso serve como um alerta sobre os riscos associados ao uso inadequado de cetamina.

A tragédia de Djidja Cardoso

O caso de Djidja Cardoso ilustra os perigos do uso recreativo e não supervisionado de cetamina. A ex-sinhazinha do Garantido foi encontrada morta, e a polícia prendeu três pessoas por tráfico de drogas e associação ao tráfico, alegando que estavam envolvidos com o uso e venda de cetamina em um ritual. Durante as investigações, foi descoberto que a mãe de Djidja e seu irmão lideravam um grupo chamado “Pai, Mãe, Vida”, que utilizava a substância em rituais, muitas vezes de maneira forçada.

A polícia está investigando se há uma ligação direta entre a morte de Djidja e a atuação do grupo. Este caso trágico ressalta a importância de políticas rigorosas e fiscalização para prevenir o abuso de substâncias controladas e proteger a saúde e segurança das pessoas.

A cetamina é uma substância poderosa com aplicações médicas valiosas, especialmente no campo da anestesia e no tratamento da depressão resistente. No entanto, seu potencial para abuso e dependência não pode ser subestimado. O uso recreativo de cetamina é ilegal e perigoso, podendo levar a consequências graves, incluindo a morte.

É crucial que a cetamina seja administrada somente em contextos médicos supervisionados para minimizar os riscos e maximizar seus benefícios terapêuticos. Casos como os de Djidja Cardoso e Matthew Perry são lembretes dolorosos da importância do controle rigoroso e do uso responsável de substâncias psicoativas.

A conscientização sobre os riscos e benefícios da cetamina, aliada a políticas públicas eficazes, pode ajudar a prevenir tragédias e garantir que seu uso seja seguro e benéfico para aqueles que realmente necessitam.

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