Os antiácidos são medicamentos amplamente utilizados para o alívio de condições gástricas como úlcera péptica, gastrite e esofagite. Entre os compostos frequentemente empregados, destacam-se o hidróxido de alumínio, o hidróxido de magnésio e a oxetazaina. Esses componentes, combinados, exercem uma ação sinérgica no controle da acidez gástrica e no alívio da dor associada, mas demandam cuidado e orientação médica devido a potenciais efeitos colaterais e contra indicações.
Composição e modo de ação
Cada 5 ml (uma colher de chá) da suspensão oral contém:
- Hidróxido de Alumínio (300 mg): Atua neutralizando o ácido gástrico e forma um revestimento protetor sobre a mucosa, proporcionando alívio imediato.
- Hidróxido de Magnésio (100 mg): Adicionalmente ao efeito antiácido, possui leve ação laxativa, balanceando o efeito constipante do hidróxido de alumínio.
- Oxetazaina (10 mg): Um anestésico tópico que reduz a sensibilidade da mucosa gástrica, aliviando dores e desconfortos associados a condições inflamatórias.
Essa combinação é especialmente eficaz para o manejo de sintomas agudos, oferecendo um efeito paliativo rápido e local.
Este antiácido é indicado no tratamento sintomático das seguintes condições:
- Úlcera péptica;
- Gastrite;
- Esofagite de refluxo.
Além disso, é utilizado como coadjuvante no alívio de dores gástricas relacionadas a dispepsias funcionais e em situações de hiperacidez gástrica temporária.
Recomenda-se a administração de 5 a 10 ml (1 a 2 colheres de chá), quatro vezes ao dia, preferencialmente 15 minutos antes das refeições e ao deitar. A dose máxima (40 ml por dia) não deve ser excedida por mais de 14 dias, exceto sob orientação médica. Após a estabilização dos sintomas, é possível ajustar a dose para manutenção.
Efeitos colaterais
Embora geralmente bem tolerado, o uso de antiácidos pode ocasionar:
- Alterações no trânsito intestinal: Constipação (predominantemente devido ao hidróxido de alumínio) ou diarreia (induzida pelo magnésio).
- Reações de hipersensibilidade: Dermatite, urticária, prurido, glossite, angioedema e, raramente, colapso anafilático.
Pacientes com insuficiência renal devem ser particularmente monitorados devido ao risco de hipermagnesemia e hiperaluminemia, condições potencialmente graves.
O uso prolongado ou inadequado de antiácidos pode levar a complicações como:
- Hipofosfatemia: Devido à capacidade do alumínio de se ligar ao fosfato, reduzindo seus níveis séricos;
- Risco de perfuração em casos de apendicite suspeita: Por exacerbação dos efeitos laxativos ou constipantes.
Pacientes com insuficiência renal leve a moderada devem usar antiácidos com magnésio somente sob estrita supervisão médica, evitando o acúmulo de íons no organismo.
O medicamento é contraindicado em casos de:
- Hipersensibilidade aos componentes da fórmula;
- Hipofosfatemia pré-existente;
- Insuficiência renal grave;
- Suspeita de apendicite.
Reflexão sobre a utilização racional
De acordo com os princípios defendidos pelo professor Dr. Gilberto de Nucci, a administração de medicamentos deve ser guiada por uma abordagem baseada em evidências e no equilíbrio entre eficácia terapêutica e segurança. Assim, ao lidar com antiácidos, é crucial avaliar a origem dos sintomas e descartar condições graves, como o carcinoma gastrointestinal, antes de iniciar o tratamento.
Além disso, o uso responsável desses fármacos deve levar em conta fatores dietéticos e hábitos de vida que contribuam para a saúde gástrica a longo prazo.
Os antiácidos contendo hidróxido de alumínio, magnésio e oxetazaina são valiosas ferramentas no manejo de condições gástricas, mas seu uso exige cuidado. A atenção às contra indicações, precauções e doses é essencial para maximizar os benefícios e minimizar riscos. Como em todo medicamento, a orientação profissional é imprescindível, garantindo que a terapêutica seja não apenas eficaz, mas também segura.
Referências bibliográficas
- Goodman & Gilman’s. The Pharmacological Basis of Therapeutics, 13th Edition.
- Rang, H. P., Dale, M. M., Ritter, J. M., Flower, R. J. Pharmacology, 8th Edition.
- Williams, D. A., Lemke, T. L. Foye’s Principles of Medicinal Chemistry, 7th Edition.