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Estreptomicina: Um Pilar Terapêutico no Combate a Infecções Graves

Saiba tudo sobre a estreptomicina: suas indicações, riscos e cuidados essenciais no tratamento de infecções graves, como tuberculose e peste.

O sulfato de estreptomicina, um antibacteriano da classe dos aminoglicosídeos, desempenha um papel crítico no tratamento de doenças bacterianas graves, como tuberculose, brucelose, tularia e peste. Sua eficácia é amplamente reconhecida em situações clínicas onde outros tratamentos falharam ou onde há resistência a outros antibióticos. No entanto, o uso dessa poderosa ferramenta exige cautela devido a seus efeitos colaterais potenciais, como nefrotoxicidade e ototoxicidade, que devem ser cuidadosamente monitorados.

Apresentação e Farmacologia

A estreptomicina está disponível em forma de pó para solução injetável, geralmente em concentrações de 1000 mg/5 ml. Seu mecanismo de ação consiste na inibição da síntese proteica bacteriana ao se ligar irreversivelmente à subunidade 30S do ribossomo, resultando em morte celular. Essa especificidade confere à estreptomicina uma potente ação bactericida contra uma gama de patógenos.

A administração é intramuscular ou intravenosa, dependendo da condição clínica e da tolerância do paciente. Apesar de ser altamente eficaz, seu uso é frequentemente reservado para cenários específicos, devido ao perfil de toxicidade e à necessidade de monitoramento constante.

Indicações Clínicas

A estreptomicina é indicada em:

  • Tuberculose: Especialmente em casos de resistência a outros tuberculostáticos ou em pacientes com carga bacteriana elevada.
  • Brucelose: Usada em associação com outros antibióticos, como tetraciclinas, para aumentar a eficácia.
  • Tularia e peste: Dois quadros raros, mas potencialmente fatais, onde a estreptomicina demonstra eficácia notável.

Cuidados e Contraindicações

Embora a estreptomicina seja um recurso terapêutico essencial, seu uso deve ser criterioso:

  • Contraindicações absolutas: Alergia aos aminoglicosídeos, miastenia grave, insuficiência renal grave, e gestação, devido ao risco de toxicidade fetal.
  • Precauções especiais: Monitoramento rigoroso é essencial em pacientes idosos, com insuficiência renal leve ou em tratamentos prolongados.

Efeitos Colaterais e Riscos

O uso de estreptomicina está associado a efeitos adversos importantes:

  • Nefrotoxicidade: Lesões renais podem ocorrer, especialmente em pacientes com insuficiência renal pré-existente ou em uso concomitante de outros nefrotóxicos.
  • Ototoxicidade: Danos ao nervo vestibulococlear podem resultar em perda auditiva ou vertigem, sendo mais frequentes em tratamentos prolongados.
  • Reações alérgicas: Erupções cutâneas e, em casos raros, choque anafilático.

Interações Medicamentosas

A estreptomicina pode interagir negativamente com outros medicamentos, aumentando os riscos de toxicidade:

  • Interações proibidas: Associação com outros aminoglicosídeos ou cefalosporinas devido ao risco aumentado de nefrotoxicidade.
  • Precauções: Uso concomitante com diuréticos da alça requer hidratação adequada e monitoramento renal.

Administração e Posologia

A dosagem é ajustada com base na condição do paciente e no tipo de infecção:

  • Adultos: Dose padrão de 1 g/dia para tuberculose, com ajuste para 750 mg/dia em idosos.
  • Crianças: 20-40 mg/kg/dia, ajustados para a gravidade da infecção e peso corporal.
  • Insuficiência renal: Ajustes na dosagem são mandatórios para evitar níveis tóxicos no sangue.

Considerações para Populações Específicas

  • Gestantes: A estreptomicina é contraindicada devido à possibilidade de danos ao oitavo nervo craniano do feto.
  • Lactantes: Apesar de passar para o leite materno em pequenas quantidades, o risco de sensibilização do lactente deve ser considerado.
  • Idosos: A toxicidade renal e auditiva é particularmente preocupante, exigindo monitoramento constante.

Importância da Monitorização

O acompanhamento clínico rigoroso é indispensável durante o uso de estreptomicina. Avaliações periódicas das funções renal, auditiva e vestibular são cruciais para minimizar os riscos. Em casos de sobredosagem, a hemodiálise pode ser uma medida eficaz para remover o fármaco do organismo.

Impacto Histórico e Futuro da Estreptomicina

Descoberta em 1943, a estreptomicina foi o primeiro antibiótico eficaz contra a tuberculose, marcando um avanço na medicina. Embora sua aplicação tenha diminuído devido ao surgimento de novas opções terapêuticas, ela permanece um recurso valioso em cenários de resistência bacteriana.

Referências Bibliográficas

  • Bennett, P. N., & Brown, M. J. (2003). Clinical Pharmacology. Churchill Livingstone.
  • Katzung, B. G., & Trevor, A. J. (2015). Basic and Clinical Pharmacology. McGraw-Hill Education.
  • World Health Organization (WHO). (2010). Treatment of Tuberculosis: Guidelines. WHO Press.



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