O ferro, um dos micronutrientes mais essenciais ao corpo humano, desempenha papel crucial na prevenção e tratamento de anemias ferroprivas. Este artigo explora as indicações, efeitos colaterais, formulações e o uso adequado dos medicamentos à base de ferro, com base em evidências científicas e considerações práticas.
Importância do Ferro na Saúde Humana
O ferro é um componente vital da hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Sua deficiência pode levar a condições como a anemia ferropriva, caracterizada por fadiga, fraqueza e baixa capacidade de concentração. Grupos de risco incluem lactentes, crianças pequenas, gestantes e lactantes, cujas demandas fisiológicas por ferro são acentuadamente maiores.
Além disso, o ferro tem funções em processos enzimáticos e no metabolismo energético, destacando sua relevância em todas as etapas da vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a deficiência de ferro a principal causa de anemia no mundo, afetando cerca de 30% da população global.
Indicações e Benefícios do Tratamento com Ferro
Os medicamentos à base de ferro são indicados principalmente para:
- Prevenção e tratamento de anemias ferroprivas;
- Gestantes e lactantes, devido ao aumento da demanda durante a gravidez e a amamentação;
- Lactentes, especialmente os alimentados com leite de vaca não enriquecido ou fórmulas sem suplementação de ferro;
- Crianças prematuras, que apresentam reservas reduzidas de ferro devido ao tempo insuficiente de armazenamento durante a gestação.
O uso preventivo e terapêutico do ferro melhora os níveis de hemoglobina e reduz os sintomas da deficiência, como apatia, queda de cabelo e imunidade comprometida.
Formas Farmacêuticas e Composição
Os medicamentos de ferro estão disponíveis em diversas apresentações para facilitar a adesão ao tratamento:
- Comprimidos revestidos: 50 mg de ferro elementar por unidade, ideal para adultos;
- Solução oral (gotas): 20 mg/ml, especialmente indicada para lactentes e crianças pequenas;
- Solução oral (líquido): 25 mg/5 ml, frequentemente usada em crianças maiores e adultos.
Os excipientes incluem componentes como ácido cítrico, aromas e conservantes (metilparabeno e propilparabeno), que garantem estabilidade e palatabilidade.
Efeitos Colaterais e Considerações Clínicas
Embora eficazes, os medicamentos com ferro podem provocar efeitos adversos, dependendo da sensibilidade individual e da dose administrada. Entre os mais comuns estão:
- Diarreia ou constipação, afetando cerca de 15% dos pacientes;
- Dores epigástricas, que ocorrem com maior frequência em doses superiores a 200 mg;
- Fezes escurecidas, um efeito benigno que não deve levar à interrupção do tratamento.
A correta administração do medicamento após as refeições pode reduzir desconfortos gastrointestinais, especialmente em pacientes idosos.
O uso de ferro é contraindicado em casos de:
- Anemias hemolíticas, onde a suplementação pode causar sobrecarga de ferro;
- Alergias a compostos ferrosos, que demandam alternativas terapêuticas específicas.
Superdosagem e Manejo de Emergência
A ingestão acidental de grandes quantidades de ferro pode causar toxicidade grave, especialmente em crianças. Sinais de superdosagem incluem náuseas, vômitos, cianose e diarreia intensa.
O manejo inicial envolve:
- Indução de vômitos e administração de leite ou ovos para reduzir a irritação gastrointestinal.
- Lavagem gástrica com solução de bicarbonato de sódio a 1%, que torna o ferro menos absorvível.
- Uso de desferroxamina, um agente quelante, para neutralizar e facilitar a eliminação do ferro absorvido.
Advertências Especiais para Idosos
Pacientes acima de 65 anos devem aderir rigorosamente às doses recomendadas. O gluconato e o fumarato ferroso são melhor tolerados que seus análogos, especialmente quando administrados após as refeições.
Dicas para Melhor Adesão ao Tratamento
- Sempre tomar o medicamento conforme prescrito pelo médico.
- Informar ao médico sobre quaisquer efeitos colaterais significativos.
- Combinar o tratamento com uma dieta rica em ferro, como carnes magras, legumes e vegetais folhosos.
Referências
- World Health Organization. Guidelines on Food Fortification with Micronutrients. Geneva, WHO, 2006.
- Hallberg, L., & Rossander-Hulthén, L. “Iron requirements in menstruating women.” American Journal of Clinical Nutrition,vol. 54, no. 6, 1991.
- Miller, J. L. “Iron deficiency anemia: A common and curable disease.” Cold Spring Harbor Perspectives in Medicine, vol. 3, no. 7, 2013.