O Glucophage, medicamento cujo princípio ativo é o cloridrato de metformina, pertence à classe das biguanidas e é amplamente utilizado no tratamento do diabetes mellitus tipo 2, conhecido também como diabetes não-insulinodependente. O Glucophage é comumente prescrito quando a dieta e o exercício físico não são suficientes para controlar os níveis de glicose no sangue. Esse medicamento tem a capacidade de melhorar a resposta do organismo à insulina, contribuindo para a redução dos níveis de glicose sem provocar picos excessivos.
A metformina atua no metabolismo da glicose de maneira única, reduzindo a produção hepática de glicose e aumentando a sensibilidade dos tecidos à insulina. Essa característica é essencial para pacientes com diabetes tipo 2, em que há resistência à insulina ou produção insuficiente desse hormônio pelo pâncreas. Esse perfil de ação torna o Glucophage especialmente eficaz para pessoas com sobrepeso, pois, além de ajudar no controle glicêmico, colabora para a perda de peso e diminui o risco de complicações associadas ao diabetes.
O Papel da Insulina e Como o Glucophage Ajuda
A insulina é uma substância crucial no organismo, responsável por permitir que as células absorvam a glicose e a utilizem como fonte de energia. No diabetes tipo 2, ou o corpo não produz insulina suficiente, ou as células se tornam resistentes a ela, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. Ao usar o Glucophage, os pacientes podem reduzir esses níveis, o que diminui o risco de complicações como doenças cardíacas, neuropatia e problemas renais.
Indicações e Grupos de Pacientes
O Glucophage é indicado para pacientes adultos com diabetes tipo 2, especialmente aqueles com excesso de peso, para os quais o medicamento tem benefícios adicionais. Além disso, é recomendado para crianças a partir de 10 anos e adolescentes, sendo a única biguanida aprovada para uso pediátrico. Adultos podem utilizar o medicamento isoladamente ou em conjunto com outros antidiabéticos orais ou insulina. Em crianças, o uso do Glucophage combinado com insulina pode oferecer melhor controle glicêmico, mas sempre sob orientação médica.
Apesar de amplamente prescrito, o Glucophage tem contraindicações importantes. Ele não deve ser usado por indivíduos com problemas renais ou hepáticos, pois o metabolismo da metformina pode sobrecarregar esses órgãos, aumentando o risco de uma condição rara, porém grave: a acidose lática. Essa condição ocorre quando o organismo acumula ácido lático, causando sintomas como dor abdominal, fraqueza, respiração rápida e cansaço extremo. A acidose lática pode ser fatal se não tratada rapidamente.
Outros fatores de risco para a acidose lática incluem desidratação grave, infecções sistêmicas (como as pulmonares ou renais) e consumo excessivo de álcool. Além disso, pacientes com histórico de insuficiência cardíaca ou problemas circulatórios também devem ter cautela. Procedimentos de imagem que utilizam contrastes iodados, como tomografias, podem elevar o risco de acidose lática, sendo recomendada a interrupção do Glucophage antes e após esses exames.
O Glucophage pode interagir com diversos medicamentos, alterando seus efeitos ou aumentando o risco de efeitos adversos. Medicamentos como diuréticos, corticosteroides e agonistas beta-2 (ex.: salbutamol) podem interferir no controle glicêmico, e, por isso, os pacientes devem ser monitorados cuidadosamente. Outras classes de medicamentos, como os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA), podem exigir ajustes na dose de Glucophage para evitar complicações.
O consumo de bebidas alcoólicas deve ser evitado, pois o álcool potencializa o risco de acidose lática. Isso vale também para medicamentos que contenham álcool em sua formulação. Pacientes que precisam de uma abordagem multidisciplinar devem sempre comunicar seus médicos sobre o uso de Glucophage.
Como qualquer medicamento, o Glucophage pode apresentar efeitos colaterais, embora eles nem sempre se manifestem. Os mais frequentes envolvem o sistema digestivo, especialmente no início do tratamento. Náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal são comuns, mas tendem a diminuir com o tempo. Distribuir as doses ao longo do dia e ingerir o medicamento durante ou após as refeições pode aliviar esses sintomas.
Reações mais raras incluem alterações no paladar e, em alguns casos muito raros, acidose lática, como discutido. Reações cutâneas, como erupções e prurido, também são possíveis. Além disso, o uso prolongado de Glucophage pode resultar em deficiência de vitamina B12, sendo recomendada a monitorização regular dos níveis dessa vitamina, especialmente em pacientes com sintomas de neuropatia periférica.
Orientações para Uso Correto
O Glucophage deve ser tomado rigorosamente conforme a prescrição médica, respeitando a dose e a frequência recomendadas. A dose inicial é geralmente de 500 mg a 850 mg, uma ou duas vezes ao dia, podendo ser aumentada gradualmente até a dose máxima de 3000 mg diários, dividida em três doses. O comprimido deve ser ingerido com água e nunca mastigado ou esmagado. Pacientes que também fazem uso de insulina devem conversar com seus médicos sobre o ajuste de doses.
O Uso do Glucophage Durante a Gravidez e Lactação
Para mulheres grávidas, o controle do diabetes é fundamental para garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê. Durante a gravidez, a metformina geralmente é substituída por insulina, uma vez que seu uso na gestação requer cautela. No período de amamentação, o Glucophage é contraindicado, já que a metformina pode passar para o leite materno e afetar o bebê.
Armazenamento e Conservação
O Glucophage deve ser armazenado em temperatura ambiente, longe da luz direta e da umidade. A conservação correta assegura a eficácia do medicamento até a data de validade indicada na embalagem.
Referências Bibliográficas
- Bailey, C. J., & Turner, R. C. (1996). Metformin. The New England Journal of Medicine, 334(9), 574-579.
- Stumvoll, M., Nurjhan, N., Perriello, G., Dailey, G., & Gerich, J. E. (1995). Metabolic effects of metformin in non-insulin-dependent diabetes mellitus. The New England Journal of Medicine, 333(9), 550-554.
- Nathan, D. M., Buse, J. B., Davidson, M. B., Heine, R. J., Holman, R. R., Sherwin, R., & Zinman, B. (2009). Medical management of hyperglycemia in type 2 diabetes: a consensus algorithm for the initiation and adjustment of therapy. Diabetes Care, 32(1), 193-203.