A isoniazida, um dos pilares fundamentais no tratamento da tuberculose, pertence à classe dos medicamentos antituberculosos, sendo também classificada como antibacteriano e anti-infeccioso. Comercializada sob diversos nomes e formulações, a Hidrazida Zimaia é uma de suas apresentações mais comuns, com comprimidos revestidos contendo 50 mg de isoniazida. Este fármaco é reservado para o tratamento exclusivo de infecções causadas por micobactérias, com ênfase no Mycobacterium tuberculosis, responsável pela tuberculose.
Indicações Terapêuticas
A isoniazida é indicada para o tratamento de várias manifestações da tuberculose, incluindo infecção primária e recidivas. Seu uso é essencial tanto em casos de tuberculose ativa quanto como quimioprofilaxia para prevenir a doença em pessoas expostas a indivíduos infectados. Entre suas aplicações mais notáveis está a prevenção da tuberculose em pacientes com teste tuberculínico positivo e em contato com portadores bacilares.
Além disso, o medicamento pode ser utilizado em indivíduos com infecções latentes, prevenindo o desenvolvimento da doença ativa, especialmente em grupos de risco, como pessoas submetidas a terapias imunossupressoras ou intervenções cirúrgicas, fatores que podem desencadear a ativação do bacilo adormecido.
Mecanismo de Ação Bioquímico
Do ponto de vista bioquímico, a isoniazida atua inibindo a síntese de ácidos micólicos, componentes essenciais da parede celular das micobactérias. Esta interrupção enfraquece a integridade estrutural das células bacterianas, levando à sua destruição. Essa ação bactericida é mais eficaz em micobactérias ativas em crescimento, o que justifica sua aplicação prolongada em tratamentos que podem durar meses ou até anos, dependendo da gravidade da infecção.
Embora a isoniazida seja uma ferramenta terapêutica poderosa, ela não está isenta de riscos. Pacientes com hipersensibilidade à substância ativa ou qualquer outro componente da fórmula devem evitar seu uso. Além disso, a isoniazida é contraindicada em indivíduos com insuficiência hepática severa, dada seu potencial hepatotoxicidade. O fígado é o principal órgão envolvido no metabolismo da isoniazida, e disfunções hepáticas podem aumentar o risco de efeitos adversos graves.
Cuidados adicionais são necessários em pacientes com distúrbios convulsivos, disfunção renal ou doença hepática grave. Em pacientes com risco de neuropatia, como diabéticos, alcoólicos, desnutridos ou grávidas, a administração concomitante de piridoxina (vitamina B6) é recomendada. A isoniazida interfere no metabolismo da piridoxina, e a deficiência dessa vitamina pode levar ao desenvolvimento de neuropatias periféricas, um dos efeitos colaterais mais comuns associados ao uso prolongado da isoniazida.
A isoniazida é um inibidor do metabolismo hepático de vários fármacos, aumentando os níveis séricos e potencializando os efeitos e toxicidades de medicamentos administrados concomitantemente. Entre os medicamentos mais afetados estão a fenitoína e a carbamazepina, cujos níveis séricos podem aumentar significativamente quando utilizados em conjunto com a isoniazida, exigindo ajustes na dose.
O uso concomitante com rifampicina, outro fármaco comumente utilizado no tratamento da tuberculose, requer monitoramento cuidadoso devido ao risco elevado de hepatotoxicidade. Além disso, a isoniazida pode aumentar o efeito dos anticoagulantes orais e interagir com a cicloserina, potencializando os efeitos neurotóxicos no sistema nervoso central.
A interação com dissulfiram, utilizado no tratamento do alcoolismo, é notória por aumentar os efeitos secundários no sistema nervoso central, como tontura, irritabilidade e insônia. Em alcoólicos, essa combinação pode ser particularmente perigosa, exigindo a redução da dose de dissulfiram ou sua suspensão.
Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais da isoniazida estão geralmente associados ao sistema nervoso central (SNC) e ao fígado. Entre os efeitos mais comuns estão a neuropatia periférica, caracterizada por parestesias nas extremidades, e, em casos mais severos, convulsões e psicose tóxica. Esses sintomas estão frequentemente associados à deficiência de piridoxina e podem ser prevenidos ou minimizados com a administração profilática da vitamina.
Efeitos hepáticos, como elevações nas transaminases séricas e hepatite, podem ocorrer, sendo mais comuns em pacientes mais velhos e naqueles com histórico de consumo de álcool. Em casos raros, pode ocorrer degeneração hepática progressiva, que requer a interrupção imediata do tratamento.
Outros efeitos incluem reações de hipersensibilidade, como febre, erupções cutâneas e linfadenopatia, além de efeitos hematológicos, como agranulocitose e anemia. Nos pacientes tratados com isoniazida, também se observa um aumento na necessidade de piridoxina, devido à interferência do fármaco no metabolismo desta vitamina.
Cuidados Alimentares e Estilo de Vida
Durante o tratamento com isoniazida, é importante evitar o consumo de certos alimentos e bebidas. O álcool, por exemplo, aumenta o risco de hepatotoxicidade, enquanto alimentos ricos em histamina e tiramina, como peixes e queijos fermentados, podem desencadear reações alérgicas e aumentar os efeitos colaterais. A recomendação geral é manter uma dieta equilibrada e evitar o consumo de álcool durante o tratamento.
Além disso, a adesão ao tratamento é fundamental. A interrupção precoce da terapia pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana, complicando o tratamento futuro da tuberculose. Visitas regulares ao médico e a realização de exames de função hepática e oftalmológicos são cruciais para monitorar a saúde do paciente ao longo do tratamento.
A isoniazida atravessa a barreira placentária e é excretada no leite materno, o que exige uma avaliação cuidadosa do risco-benefício em mulheres grávidas ou em fase de amamentação. Seu uso nos primeiros três meses de gravidez deve ser evitado, exceto em casos de tuberculose ativa, onde os benefícios superam os riscos. Os recém-nascidos e lactentes de mães tratadas com isoniazida devem ser cuidadosamente monitorados devido ao risco de toxicidade.
O tratamento da tuberculose com isoniazida continua sendo uma das estratégias mais eficazes para combater essa doença infecciosa grave. No entanto, seu uso requer atenção rigorosa às interações medicamentosas, efeitos adversos e à necessidade de suplementação de piridoxina em pacientes de risco. A adesão ao regime terapêutico prescrito é essencial para garantir o sucesso do tratamento e a prevenção da resistência bacteriana.