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Hioscina: Usos, Efeitos Colaterais e Considerações Clínicas

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Princípio ativo : Hioscina.

Classe terapêutica : Antiespasmodicos Intestinais.

A hioscina, também conhecida como escopolamina, é um fármaco amplamente utilizado na prática médica por suas propriedades antimuscarínicas, sendo empregada em uma variedade de situações clínicas. Este composto é especialmente eficaz como pré-anestésico, ajudando a produzir amnésia, reduzir a excitação e controlar a salivação e as secreções do trato respiratório durante cirurgias. Além disso, a hioscina desempenha um papel importante no alívio de cólicas biliares, uretrais e renais, assim como no manejo da dismenorreia. A sua eficácia como agente antiemético e na prevenção das cinetoses também é bem documentada.

A apresentação da hioscina pode variar de acordo com a necessidade clínica. Disponível em caixas com 20, 100 e 500 comprimidos, bem como em caixas com 5 e 50 ampolas de 1 ml, a versatilidade de suas formas farmacêuticas permite que ela seja adaptada para diferentes situações terapêuticas. A escolha da apresentação adequada é essencial para garantir a eficácia do tratamento e minimizar o risco de reações adversas.

No entanto, como qualquer medicamento, o uso da hioscina não está isento de efeitos colaterais. A secura da boca é uma reação adversa bastante comum, ocorrendo em mais de 70% dos pacientes. Embora possa ser considerada um efeito desejado em certos contextos, especialmente em doses maiores usadas como pré-medicação anestésica, ela pode causar desconforto significativo. Além disso, a sonolência, relatada em cerca de 17% dos casos, pode comprometer a segurança dos pacientes, especialmente aqueles que precisam realizar atividades que exigem atenção e concentração.

Outros efeitos colaterais incluem a deterioração transitória da acomodação ocular, como visão turva e dilatação da pupila. Em alguns casos, foi relatada a dilatação unilateral da pupila, aparentemente causada por contato acidental do medicamento com os olhos após a manipulação da hioscina. Embora menos frequentes, reações como desorientação, distúrbios da memória, tontura, inquietação, alucinações e confusão também podem ocorrer, especialmente em pacientes mais sensíveis ao fármaco.

As interações medicamentosas são outro aspecto crítico a ser considerado ao prescrever a hioscina. Medicamentos alcalinizantes urinários, como antiácidos que contêm cálcio e magnésio, inibidores da anidrase carbônica, citratos e bicarbonato de sódio, podem retardar a excreção urinária da hioscina, aumentando seus efeitos terapêuticos e colaterais. Da mesma forma, o uso concomitante de hioscina com antimiastênicos pode diminuir a motilidade intestinal, enquanto antiácidos ou antidiarreicos absorventes podem reduzir a absorção do fármaco, comprometendo sua eficácia. A hioscina também pode interferir na absorção de cetoconazol ao aumentar o pH gastrointestinal, reduzindo assim a eficácia deste antifúngico. Além disso, inibidores da monoaminoxidase (IMAO) podem potencializar os efeitos colaterais da hioscina, devido à sua atividade antimuscarínica secundária, e bloquear sua destoxificação, prolongando sua ação no organismo.

No caso de superdosagem, os sinais clínicos incluem depressão, sonolência intensa e, em casos mais graves, coma. A secura da boca é um sintoma constante e típico em situações de superdosagem. O manejo da superdosagem envolve medidas como a indução do vômito e a lavagem gástrica para reduzir a absorção do medicamento. A administração de fisostigmina por injeção intravenosa lenta é recomendada para combater o delírio e o coma, com doses que variam de 1 a 4 mg em adultos, e 0,5 mg em crianças. Em casos de excitação excessiva, o diazepam pode ser utilizado para sedação e controle de convulsões. Em situações mais críticas, pode ser necessária a respiração artificial, e o uso de gelo ou esponjas com álcool é indicado para combater a febre, especialmente em crianças.

Quanto à posologia, a hioscina pode ser administrada por via oral ou injetável, dependendo da condição clínica a ser tratada. Para adultos, como antiespasmódico, a dose oral recomendada é de 10 a 20 mg, administrada 3 a 4 vezes ao dia, com ajustes conforme a necessidade do paciente. Para a prevenção de cinetose, doses de 0,3 mg a cada 6 horas são indicadas. Em crianças acima de 10 anos, a dose recomendada varia de 0,150 a 0,300 mg. Quando administrada por injeção intramuscular ou intravenosa, a dose para adultos como antiespasmódico gastrointestinal é de 10 a 20 mg, também 3 a 4 vezes ao dia, ou conforme orientação médica.

É importante ressaltar que a hioscina é contraindicada em pacientes idosos, especialmente aqueles que são particularmente sensíveis aos efeitos secundários dos antimuscarínicos, como secura da boca e retenção urinária. A hioscina também não deve ser utilizada em pacientes com glaucoma primário ou predisposição ao glaucoma de ângulo fechado, uma vez que há risco de precipitação de um glaucoma não diagnosticado, especialmente em pacientes acima de 40 anos. Além disso, os efeitos colaterais sistêmicos podem ser exacerbados em lactentes, crianças até 2 anos, pacientes com olhos azuis, síndrome de Down e crianças com paralisia espástica ou dano cerebral. A hioscina é, portanto, contraindicada em pacientes sensíveis ao fármaco.

No que diz respeito às precauções, a hioscina deve ser usada com cautela em pacientes idosos com obstrução pilórica ou intestinal, ou com função metabólica, renal ou hepática comprometida. Além disso, deve ser administrada com cuidado em pacientes que estão recebendo outros depressores centrais, pois o efeito sedativo pode ser intensificado. Durante a gravidez, o uso da hioscina deve ser considerado apenas se o benefício justificar o risco para o feto. É importante que pacientes em tratamento com hioscina sejam alertados para evitar a condução de veículos ou a operação de máquinas perigosas, devido ao risco de sonolência. A segurança e a eficácia da hioscina em crianças ainda não estão bem estabelecidas, sendo necessário extremo cuidado ao administrá-la em crianças menores de 6 anos, sempre sob prescrição e acompanhamento médico.

Em termos de interações medicamentosas, o uso da hioscina em conjunto com medicamentos depressores do sistema nervoso central, como o álcool, pode exacerbar os efeitos sedativos. O uso concomitante de lorazepam parenteral pode aumentar a incidência de sedação, alucinações e comportamentos irracionais. A administração prévia de hioscina pode diminuir a resposta emética à apomorfina no tratamento da intoxicação, e os efeitos depressores sobre o sistema nervoso central são, portanto, aditivos. A terapia a longo prazo com glicocorticoides, corticotrofina ou haloperidol pode aumentar a pressão intraocular, enquanto a eficácia antipsicótica do haloperidol pode ser diminuída em pacientes esquizofrênicos.

Finalmente, a fórmula de cada comprimido de hioscina contém 10 mg de n-butil brometo de escopolamina, enquanto cada ml da solução injetável contém 20 mg do mesmo composto. A compreensão detalhada das propriedades farmacológicas, dos efeitos colaterais, das interações medicamentosas e das contraindicações da hioscina é fundamental para o seu uso seguro e eficaz na prática clínica.

Fabricante :

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