O ferroquelato glicinato é uma forma inovadora e altamente biodisponível de ferro, amplamente empregada no combate a síndromes ferroprivas e anemias. Com diversas apresentações, incluindo comprimidos de 500 mg e flaconetes monodose de 250 mg, essa formulação oferece alternativas de administração para variadas necessidades terapêuticas, sendo indicada para condições em que há deficiência de ferro, como desnutrição, absorção deficiente, gravidez, lactação, e perdas sanguíneas agudas ou crônicas.
Mecanismo de Ação e Vantagens do Ferroquelato Glicinato
O ferroquelato glicinato, diferente dos sais ferrosos tradicionais, é mais bem tolerado e apresenta uma absorção mais eficiente no trato gastrointestinal. O íon ferro é complexado com glicina, um aminoácido que atua como transportador, facilitando a passagem pelo intestino sem causar irritação significativa. Essa configuração química permite que o ferro seja liberado de forma gradual, evitando flutuações abruptas nos níveis plasmáticos e reduzindo os efeitos adversos, como desconforto gástrico e náuseas, comuns em outras formas de ferro.
Além disso, essa forma de ferro é menos propensa a interagir com outros medicamentos, como tetraciclinas, anticoncepcionais e hormônios esteroides. Esse é um diferencial importante, pois as interações medicamentosas podem diminuir a eficácia do tratamento em pacientes com comorbidades ou que fazem uso de terapias simultâneas. Estudos recentes indicam que o ferro quelato glicinato é uma alternativa segura e eficaz para pacientes com sensibilidade gástrica e aqueles que necessitam de suplementação prolongadandicações Terapêuticas e Benefícios Clínicos
O ferroquelato glicinato é indicado em várias condições associadas à deficiência de ferro:
- Anemias Ferroprivas: Decorrentes da falta de ingestão ou absorção de ferro, sendo comuns em populações com alimentação restrita ou inadequada, como vegetarianos e pessoas com dietas insuficientes em nutrientes.
- Gestação e Lactação: A anemia é prevalente em gestantes devido à demanda aumentada de ferro para a formação do feto. Esse suplemento é considerado seguro e recomendável durante esses períodos, proporcionando uma suplementação adequada sem o risco aumentado de reações adversas.
- Anemias por Desabsorção Intestinal: Em condições como doença celíaca e síndrome do intestino irritável, a absorção de ferro pode ser comprometida, sendo essencial uma forma de ferro altamente biodisponível para evitar complicações clínicas.
- Perdas Sanguíneas: Em situações de hemorragias, sejam agudas (como pós-cirurgias) ou crônicas (como em úlceras ou pólipos intestinais), a suplementação de ferro é indispensável para a recuperação hematológica .
e Modo de Uso
A dosagem do ferroquelato glicinato deve ser individualizada, variando conforme a idade e a gravidade da deficiência de ferro. Em pediatria, é sugerida uma dosagem de 2,5 a 5 mg de ferro por kg de peso corporal ao dia, dividida em uma ou mais tomadas, dependendo do volume necessário. Em adultos, recomenda-se 1/2 a 1 comprimido diário (equivalente a 50 a 100 mg de ferro trivalente). Para uso em idosos ou casos específicos, o médico deve ajustar a dose conforme os exames laboratoriais e a resposta do paciente ao tratamento.
O ferroquelato glicinato apresenta ainda a vantagem de poder ser administrado junto às refeições, o que minimiza o risco de efeitos gástricos indesejáveis. A continuação do tratamento é recomendada por, ao menos, um mês após a normalização dos níveis de hemoglobina, para restabelecer completamente os estoques de ferro no organismo .
Efeitos Ce Reações de Hipersensibilidade
Embora o ferroquelato glicinato seja bem tolerado, algumas pessoas podem experimentar efeitos colaterais leves, como desconforto gástrico, constipação ou diarreia. Esse perfil de efeitos é menos comum em comparação com sais ferrosos, mas deve ser monitorado. Em casos raros, pode ocorrer hipersensibilidade ao ferro, manifestando-se por rubor facial, taquicardia e, ocasionalmente, erupções cutâneas. A coloração escura das fezes é um efeito esperado e não deve ser interpretada como um sintoma clínico adverso.
Pacientes diabéticos devem evitar o uso de flaconetes monodose devido ao conteúdo de açúcar, sendo recomendada a forma de comprimido, que é livre de açúcares e apresenta menor risco de interferir nos níveis glicêmicos .
O uso do ferroquelato glicinato é contraindicado em indivíduos com hemocromatose, uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro, e em anemias que não envolvem deficiência de ferro, como talassemia e anemia falciforme. Condições que afetam a absorção do ferro, incluindo Doença de Crohn e colite ulcerativa, também requerem supervisão médica antes de iniciar a suplementação.
Pacientes com hepatopatias ou doenças infecciosas ativas devem ter acompanhamento constante, uma vez que a absorção do ferro pode ser comprometida ou agravada nessas condições. A ferroterapia em pacientes que recebem transfusões frequentes deve ser monitorada com atenção, pois o excesso de ferro pode levar à hemossiderose, uma condição de acúmulo tóxico de ferro nos tecidos .
Interações Medicamentosas, diferentemente dos sais ferrosos, o ferroquelato glicinato não é significativamente afetado por alimentos ou medicamentos. Isso o torna uma opção ideal para pacientes polimedicados, reduzindo a necessidade de ajustes rigorosos na dieta ou na rotina medicamentosa. No entanto, o consumo de álcool pode potencializar os efeitos colaterais do ferro e elevar os depósitos hepáticos do mineral, sendo contraindicado durante o uso prolongado de ferroquelato glicinato.
Conclusão
O ferroquelato glicinato é uma opção terapêutica avançada e segura no tratamento da anemia ferropriva e de outras síndromes associadas à deficiência de ferro. Com uma formulação que prioriza a absorção eficaz e minimiza as reações adversas, ele se destaca como um tratamento de escolha para pacientes que necessitam de reposição prolongada ou têm intolerância a sais ferrosos convencionais. O uso sob orientação médica, combinado com monitoramento laboratorial adequado, é crucial para a eficácia e segurança do tratamento, garantindo um manejo eficiente e personalizado das deficiências de ferro.
Referências Bibliográficas
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