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Noretisterona: Eficácia, Uso e Efeitos Colaterais Explicados

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A noretisterona é um progestágeno sintético amplamente utilizado em contraceptivos orais e no tratamento de diversas condições ginecológicas, como hemorragias uterinas disfuncionais, distúrbios menstruais, dismenorreia e síndrome pré-menstrual. Seu uso deve ser cuidadosamente monitorado devido a potenciais efeitos colaterais e interações medicamentosas. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente a noretisterona, seus usos, dosagem, efeitos colaterais, contra indicações e precauções.

Princípio Ativo e Apresentação

A noretisterona, também conhecida como noretindrona, é apresentada em comprimidos de 0,35 mg, em embalagens com 35 unidades. Sua principal função é contraceptiva, impedindo a ovulação e modificando o revestimento do útero, o que torna difícil a implantação de um óvulo fertilizado. Além disso, tem aplicação no manejo de várias condições hormonais relacionadas à deficiência de progesterona.

Indicações

A noretisterona é indicada para:

  1. Contracepção: Evitar a ovulação e modificar o ciclo menstrual.
  2. Tratamento de hemorragias uterinas disfuncionais: Regula o fluxo sanguíneo anormal.
  3. Dismenorreia: Alivia dores menstruais intensas.
  4. Síndrome Pré-menstrual: Melhora sintomas como tensão, dores pélvicas e mastodinia (dor nos seios).
  5. Distúrbios de fertilidade relacionados à insuficiência de progesterona: Corrige desequilíbrios hormonais que dificultam a concepção.

Mecanismo de Ação

A noretisterona age como um análogo sintético da progesterona, um hormônio essencial no ciclo menstrual feminino e na manutenção da gravidez. Quando administrada continuamente, inibe a secreção de hormônio luteinizante (LH), prevenindo a ovulação e estabilizando o endométrio. Além disso, altera a viscosidade do muco cervical, tornando-o inóspito para o esperma, o que reforça seu efeito contraceptivo.

Efeitos Colaterais

Os efeitos colaterais da noretisterona variam de leves a graves. Entre os mais comuns, incluem-se:

  1. Náuseas e sintomas gastrintestinais: Enjoos, vômitos e desconforto abdominal.
  2. Alterações no ciclo menstrual: Pode causar sangramento intermenstrual, amenorreia (ausência de menstruação), dismenorreia (menstruação dolorosa) e mudanças no fluxo menstrual.
  3. Efeitos mamários: Sensibilidade, secreção ou aumento das mamas.
  4. Distúrbios de peso: Pode ocorrer ganho ou perda de peso.
  5. Alterações na pele: Cloasma (manchas escuras na pele) e manifestações alérgicas, como erupções cutâneas.
  6. Problemas oculares: Alterações na curvatura da córnea e intolerância a lentes de contato.
  7. Cefaleia e distúrbios psicológicos: Dor de cabeça, depressão e mudanças no humor.
  8. Intolerância à glicose: Em alguns casos, pode reduzir a tolerância aos carboidratos, contribuindo para distúrbios metabólicos.
  9. Diminuição da lactação: Em lactantes, pode afetar a produção de leite materno.

Contraindicações

O uso da noretisterona é contraindicado em pacientes com:

  • Tromboflebite e distúrbios tromboembólicos: Aumenta o risco de coágulos sanguíneos.
  • Doenças vasculares cerebrais ou coronarianas: Pode agravar essas condições.
  • Hepatopatias graves: A metabolização do fármaco é comprometida.
  • Carcinoma de mama ou neoplasias estrogênio-dependentes: O uso do hormônio pode estimular o crescimento dessas células.
  • Sangramento genital anormal não diagnosticado: Necessário excluir causas graves antes de iniciar o tratamento.
  • Gravidez: O uso durante a gestação pode resultar em anomalias fetais.

Advertências e Precauções

Antes de iniciar o tratamento com noretisterona, é essencial uma avaliação médica completa. Algumas condições requerem atenção especial, como:

  • Fibromas uterinos: Podem aumentar de tamanho.
  • Hipertensão: Pode ocorrer aumento da pressão arterial.
  • Disfunção hepática: O risco de icterícia colestática é maior em pacientes com histórico de problemas hepáticos.
  • Depressão: Mulheres com histórico de depressão devem ser monitoradas de perto devido ao risco de piora dos sintomas.
  • Retenção de líquidos: O medicamento pode agravar condições como insuficiência cardíaca e renal.

Além disso, mulheres que fumam, especialmente aquelas acima de 35 anos e que consomem mais de 15 cigarros por dia, correm maior risco de efeitos adversos cardiovasculares.

Interações Medicamentosas

A eficácia da noretisterona pode ser reduzida quando usada concomitantemente com certos medicamentos, como:

  • Antibióticos: Rifampicina, penicilina, ampicilina e tetraciclina podem diminuir sua eficácia contraceptiva.
  • Anticonvulsivantes: Podem reduzir a concentração do hormônio no sangue.
  • Hipoglicemiantes e anticoagulantes orais: A noretisterona pode antagonizar o efeito desses fármacos.
  • Benzodiazepínicos: Pode interferir no metabolismo de diazepam, levando à acumulação no plasma.

Efeitos em Exames Laboratoriais

O uso de noretisterona pode alterar os resultados de vários exames laboratoriais, como:

  • Testes hepáticos: Aumenta a retenção de BSP (bromossulfaleína).
  • Coagulação sanguínea: Eleva os níveis de protrombinase fatores de coagulação, aumentando o risco de trombose.
  • Níveis de glicose: Pode elevar a glicemia em jejum, impactando o controle de diabetes.

Modo de Uso

O comprimido de noretisterona deve ser tomado diariamente, preferencialmente no mesmo horário. É crucial não interromper a medicação, mesmo durante o período menstrual. Caso ocorra esquecimento, a paciente deve tomar o comprimido no dia seguinte, além do comprimido programado para aquele dia. A regularidade é fundamental para alcançar o efeito terapêutico desejado.

Superdosagem

Em casos de superdosagem, os sintomas mais comuns são náuseas e, ocasionalmente, sangramento vaginal por supressão hormonal. O tratamento envolve lavagem gástrica e suporte clínico.

Conclusão

A noretisterona é um medicamento eficaz para a contracepção e tratamento de distúrbios hormonais, mas seu uso requer cuidado, devido a seus potenciais efeitos colaterais e interações medicamentosas. A avaliação médica é essencial antes e durante o tratamento, garantindo que os benefícios superem os riscos, especialmente em pacientes com condições pré-existentes.

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